Declínio da FORÇA, do EQUILÍBRIO e
das FUNÇÕES EMOCIONAIS E COGNITIVAS no idoso
Elda Jara Doutel
Psicomotricista
Em Portugal, segundo o sistema de recolha de dados Acidentes Domésticos e de
Lazer Informação Adequada (ADELIA) tutelado pelo Observatório Nacional de Saúde, o
principal mecanismo da lesão nos acidentes domésticos e de lazer foi a queda, apresentando
uma frequência de 76% entre os 65-74 anos e de 90% no grupo etário com mais de 75 anos. (in https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/37394/1/)
...Facilmente se conclui qual a importância do desenvolvimento de um programa de PREVENÇÃO DE QUEDAS NO IDOSO especialmente se tivermos em conta que tem como "consequência" a melhoria da qualidade de vida e os aumentos dos níveis de independência dos idosos (estejam ou não institucionalizados).
Na publicação anterior Prevenção da Queda do Idoso - Parte I falei sobre os factores de risco (intrínsecos e extrínsecos), cuja identificação deve ser o passo 1 de qualquer estratégia de prevenção.
Nesta publicação vou abordar os factores que estão directamente relacionados ou que podem ser directamente influenciados pela prática regular de exercício físico associado a actividades de Gerontopsicomotricidade, nomeadamente: problemas ao nível da marcha, problemas ao nível do equilíbrio, deterioração da mobilidade, depressão e deterioração da função cognitiva
O factor fisiológico determinante da perda de autonomia e de maior incidência de quedas no idoso é, sem dúvida, a perda de massa muscular e a consequente perda de força. Quando este processo, que é acelerado pelo desuso e sedentarismo, é acompanhado da perda de massa óssea (osteoporose) o risco de quedas e fracturas é ainda maior.
Associado ao risco de aumento de queda e
aumento do desequilíbrio corporal, encontram-se as alterações da marcha, que podem
ser provocadas por alterações da propriocepção, visão, força muscular, coordenação, e
ainda, alterações na sensibilidade e atenção (Borges et al., 2010).
A falta de força muscular é um dos motivos que conduz ao isolamento social e, consequentemente, a um aumento da fragilidade social do individuo idoso, sendo que melhorias na condição física podem promover a sua participação em actividades e eventos na sociedade, promovendo a sua interacção e integração social
Manifestações
Existem diversas manifestações de alterações anormais da marcha:
...Facilmente se conclui qual a importância do desenvolvimento de um programa de PREVENÇÃO DE QUEDAS NO IDOSO especialmente se tivermos em conta que tem como "consequência" a melhoria da qualidade de vida e os aumentos dos níveis de independência dos idosos (estejam ou não institucionalizados).
Na publicação anterior Prevenção da Queda do Idoso - Parte I falei sobre os factores de risco (intrínsecos e extrínsecos), cuja identificação deve ser o passo 1 de qualquer estratégia de prevenção.
Nesta publicação vou abordar os factores que estão directamente relacionados ou que podem ser directamente influenciados pela prática regular de exercício físico associado a actividades de Gerontopsicomotricidade, nomeadamente: problemas ao nível da marcha, problemas ao nível do equilíbrio, deterioração da mobilidade, depressão e deterioração da função cognitiva
Fonte: file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/O_exercicio_fisico_e_a_prevencao_de_quedas_nos_idosos%20(1).pdf |
O factor fisiológico determinante da perda de autonomia e de maior incidência de quedas no idoso é, sem dúvida, a perda de massa muscular e a consequente perda de força. Quando este processo, que é acelerado pelo desuso e sedentarismo, é acompanhado da perda de massa óssea (osteoporose) o risco de quedas e fracturas é ainda maior.
Deterioração do Equilíbrio
“A equilibração é uma função determinante na construção do movimento voluntário, condição indispensável de ajustamento postural e gravitacional, sem o qual nenhum movimento intencional pode ser atingido.” (Fonseca, 2007 p.158). A equilibração está na base da aquisição da postura bípede, exclusivamente humana, sendo que a sua organização neurológica envolve fundamentalmente o tronco cerebral ou tronco encefálico, o cerebelo e os gânglios de base.
O Equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controlo postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou pela capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação.
O desequilíbrio é considerado um dos principais factores limitadores da vida do idoso sendo que, na maioria dos casos não ocorre devido a uma causa específica, mas devido a um comprometimento do sistema como um todo.
As consequências mais perigosas destes desequilíbrios ocorrem ao nível das quedas, nomeadamente fracturas que podem levar ao internamento e/ou inactividade com decorrente diminuição de autonomia na realização de actividades de vida diária, aumento do sentimento de incapacidade e de medo e consequente imobilidade corporal.
O Equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controlo postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou pela capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação.
O desequilíbrio é considerado um dos principais factores limitadores da vida do idoso sendo que, na maioria dos casos não ocorre devido a uma causa específica, mas devido a um comprometimento do sistema como um todo.
As consequências mais perigosas destes desequilíbrios ocorrem ao nível das quedas, nomeadamente fracturas que podem levar ao internamento e/ou inactividade com decorrente diminuição de autonomia na realização de actividades de vida diária, aumento do sentimento de incapacidade e de medo e consequente imobilidade corporal.
Deterioração da Marcha e da Mobilidade
A falta de força muscular é um dos motivos que conduz ao isolamento social e, consequentemente, a um aumento da fragilidade social do individuo idoso, sendo que melhorias na condição física podem promover a sua participação em actividades e eventos na sociedade, promovendo a sua interacção e integração social
Manifestações
Existem diversas manifestações de alterações anormais da marcha:
- Perda de simetria do movimento e do tempo entre os lados esquerdo e direito geralmente indica distúrbio. Quando saudável, o corpo se movimenta simetricamente; comprimento do passo, cadência, movimento do tronco e tornozelo, joelho, anca e o movimento da pelve são iguais nos lados direito e esquerdo.
- Pode ocorrer dificuldade em iniciar ou manter a marcha. Quando iniciam o andar, os pés podem parecer colados no chão, tipicamente por não ajustarem o peso de um pé para permitir que o outro avance. Congelamento, interrupção ou quase imobilidade geralmente sugere um andar cauteloso, medo de cair ou um distúrbio frontal da marcha. O ato de arrastar os pés não é normal (é um fator de risco de tropeçar).
- A retropulsão é caracterizada pelo andar para trás quando se inicia a marcha ou a ficar para trás durante a caminhada.
- O pé caído causa arrastamento do dedo do pé ou interrupção da marcha (i. e., elevação exagerada da perna para evitar pegar o dedo do pé). Pouco movimento do pé (p. ex., devido à redução da flexão do joelho) pode assemelhar-se ao pé caído.
- O comprimento curto da passada é inespecífico e pode representar medo de cair ou problema neurológico ou musculoesquelético. O lado com o comprimento curto da passada normalmente é o lado saudável e a passada curta geralmente é devida a um problema na fase de apoio da perna (problema) oposta.
- A marcha baseada na amplitude (aumento da amplitude da passada) é considerada ampla baseada no fato de o exterior do pé do paciente não permanecer dentro da amplitude do piso. Com a diminuição da velocidade da marcha, a amplitude da passada aumenta ligeiramente. A amplitude variável da passada (oscilações de um lado ou do outro) sugere pouco controle motor.
- A circundução (mover o pé em arco em vez de em uma linha reta quando se realiza um passo à frente) ocorre em pacientes com fraqueza muscular pélvica ou dificuldade de flexionar o joelho.
- A inclinação para frente pode ocorrer com cifose e com a doença de Parkinson ou distúrbios com características associados à demência.
- Festinação é a tendência involuntária a dar passadas curtas que aceleram a marcha (geralmente com inclinação para a frente) em podem entrar em uma corrida para evitar cair para a frente. A festinação pode ocorrer com a doença de Parkinson.
- A inclinação do tronco para o lado que é consistente e previsível para o lado da perna de apoio pode ser uma estratégica para reduzir a dor nas articulações em decorrência de artrite de quadril ou, menos comumente, do joelho.
- A instabilidade irregular e imprevisível do tronco
- Os desvios do caminho são fortes indicadores de déficits de controle motor.
- Os distúrbios de oscilação do braço podem ser reduzidos ou estar ausentes em doença de Parkinson e demências vasculares.
Deterioração das Funções Cognitiva e Emocional
A senescência corresponde à velhice propriamente dita, e é um processo em que ocorre um declínio físico e mental, lento e gradual. Enquanto a senilidade é caracterizada por um declínio físico mais acelerado e acompanhado de desorganização mental com alteração do funcionamento cognitivo e perda de memória.
Declínio Emocional
Para além das mudanças biológicas o envelhecimento acarreta mudanças nos papéis e posições sociais, e ainda, na necessidade de enfrentar a perda de pessoas e relações próximas (OMS, 2015).
Verifica-se uma alteração de estatuto, um envelhecimento social, baseado numa crise de entidade, resultante da mudança de papel social (no trabalho, na família e na sociedade) que origina perda da autoestima; da reforma, que pode conduzir a um isolamento e depressão; e ainda, devido a diversas perdas, nomeadamente, de autonomia, independência, poder de decisão e à perda de amigos e familiares (ver Solidão e Isolamento Social do Idoso ).
Declínio Cognitivo
À medida que envelhecemos, ocorre ainda, um declínio cerebral e das habilidades cognitivas, lento e progressivo cuja variação/intensidade poderá depender de factores educacionais, condições de saúde, da própria personalidade do individuo, entre outros, e que pode ser demonstrado comparando-se o desempenho de jovens e idosos sem comprometimento em testes neuropsicológicos.
Pode ser difícil distinguir o envelhecimento normal dos quadros de demência iniciais mas há um espectro contínuo entre o envelhecimento normal e a demência. Entre esses extremos encontram-se o “comprometimento da memória associado ao envelhecimento” e o “declínio cognitivo leve”.
O quadro de comprometimento da memória associado ao envelhecimento baseia-se na queixa de distúrbios da memória. O declínio cognitivo leve (DCL) ocorre quando há comprometimento somente da memória, com preservação das demais funções cognitivas; o DCL apresenta importantes implicações clínicas, pois representa um risco aumentado de morte e demência: idosos com DCL evoluem para demência ou doença de Alzheimer (DA) a uma taxa de 6 a 25% ao ano.
(Fonte: http://www.neurocenterbh.xpg.com.br/artigos/art_aval_demencia.html)
Declínio Emocional
Para além das mudanças biológicas o envelhecimento acarreta mudanças nos papéis e posições sociais, e ainda, na necessidade de enfrentar a perda de pessoas e relações próximas (OMS, 2015).
Verifica-se uma alteração de estatuto, um envelhecimento social, baseado numa crise de entidade, resultante da mudança de papel social (no trabalho, na família e na sociedade) que origina perda da autoestima; da reforma, que pode conduzir a um isolamento e depressão; e ainda, devido a diversas perdas, nomeadamente, de autonomia, independência, poder de decisão e à perda de amigos e familiares (ver Solidão e Isolamento Social do Idoso ).
Declínio Cognitivo
À medida que envelhecemos, ocorre ainda, um declínio cerebral e das habilidades cognitivas, lento e progressivo cuja variação/intensidade poderá depender de factores educacionais, condições de saúde, da própria personalidade do individuo, entre outros, e que pode ser demonstrado comparando-se o desempenho de jovens e idosos sem comprometimento em testes neuropsicológicos.
Pode ser difícil distinguir o envelhecimento normal dos quadros de demência iniciais mas há um espectro contínuo entre o envelhecimento normal e a demência. Entre esses extremos encontram-se o “comprometimento da memória associado ao envelhecimento” e o “declínio cognitivo leve”.
O quadro de comprometimento da memória associado ao envelhecimento baseia-se na queixa de distúrbios da memória. O declínio cognitivo leve (DCL) ocorre quando há comprometimento somente da memória, com preservação das demais funções cognitivas; o DCL apresenta importantes implicações clínicas, pois representa um risco aumentado de morte e demência: idosos com DCL evoluem para demência ou doença de Alzheimer (DA) a uma taxa de 6 a 25% ao ano.
(Fonte: http://www.neurocenterbh.xpg.com.br/artigos/art_aval_demencia.html)
A lentidão na percepção, memória e raciocínio poderão ser consequência normal deste declínio, revelando-se a actividade física e mental úteis na conservação das capacidades cognitivas (Moraes et al., 2010; AversiFerreira et al., 2008).
Tendo em conta esta perda de competências e conhecendo os benefícios da prática de actividade física, temos que a considerar como um forte aliado para ajudar a diminuir os efeitos da idade e a ela associar a psicomotricidade como um complemento que trabalha além do motor, pois visa ainda ampliar o ser social, tonificar o ser biológico e proporcionar um ser mais desenvolto, colocando o idoso com o corpo em movimento, o cérebro em produção e a alma com alegria através de propostas variadas e diversificadas envolvendo desde o relaxamento, o equilíbrio, tonicidade, coordenação, observação e memória...
E é esta a base do programa Xtreme Sénior que desenvolvo em parceria com o ginásio Be-Fit Setúbal.
Não há duas sem três e no próximo post, iremos falar sobre os benefícios da Gerontopsicomotricidade e deixarei alguns exemplos de planos de exercício que podem ser realizados em casa, na rua e com amigos...até lá sejam felizes e vivam a IDADE que vos vai na ALMA (e esqueçam a do calendário de aniversário 😏).
Tendo em conta esta perda de competências e conhecendo os benefícios da prática de actividade física, temos que a considerar como um forte aliado para ajudar a diminuir os efeitos da idade e a ela associar a psicomotricidade como um complemento que trabalha além do motor, pois visa ainda ampliar o ser social, tonificar o ser biológico e proporcionar um ser mais desenvolto, colocando o idoso com o corpo em movimento, o cérebro em produção e a alma com alegria através de propostas variadas e diversificadas envolvendo desde o relaxamento, o equilíbrio, tonicidade, coordenação, observação e memória...
E é esta a base do programa Xtreme Sénior que desenvolvo em parceria com o ginásio Be-Fit Setúbal.
Não há duas sem três e no próximo post, iremos falar sobre os benefícios da Gerontopsicomotricidade e deixarei alguns exemplos de planos de exercício que podem ser realizados em casa, na rua e com amigos...até lá sejam felizes e vivam a IDADE que vos vai na ALMA (e esqueçam a do calendário de aniversário 😏).
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